domingo, 23 de novembro de 2008
Mas a excepcionalidade da ocasião me faz recorrer a um gênero que desgosto. Entenda o que eu tô falando aqui como os primeiros versos sem entonação do Tom Jobim, em "Dindi": "Céu, tão grande é o céu. E bando de nuvens que passam ligeira - Para onde elas vão? Aí, eu não sei. E o vento que falam nas folhas, contando as histórias que não são de ninguém. Mas que são minhas e de você também?".
Blue jeans, camisa branca
Calça jeans, lã,
Botões de metal, costura amarrada.
O amor? Ah, é o amor.
A pele opaca
As bochechas ásperas
A pele desigual
As mãos granulosas
As unhas grosseiras
As mãos volumosas
As mãos pesadas
A pele compacta
As bochechas eriçadas
Os olhos firmes
Os cabelos duros
Os braços firmes
Os braços inelásticos
As bochechas quentes
Os braços não aderentes.
domingo, 2 de novembro de 2008
Mulher de ladrão
na riqueza, na tristeza, na doença, na alegria. As lesões aos bens tutelados com a prisão não são tidas as condutas mais repugnante nas nossas vidas, afinal de contas, existem as mulheres de ladrão. Eu seria uma mulher de ladrão.
Amy Winehouse diz que vai a batalha se seu homem estiver lutando.
Cameron Diaz diz que não quer ser creme brulee pra agradar dermot mulroney.
As mulheres são seres mágicos.
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Numa guerra pagã
Mas tô feliz: A batidinha inicial da musica da amy winehouse me fez bater o coração mais forte e escrever ao meu blog é algo que me deu certo prazer. E isso já é prazeroso demais =)
Disseram pra eu nao desistir deste blog.
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Mudando o nariz
Ontem eu olhei pras minhas provas e vi notas baixas. Ontem eu estudei e hoje eu tiro notas boas.
Hoje eu realmente olhei pro meu corpo e vi que eu posso mudá-lo. Genótipo mais mundo exterior.
Mas e aí você vê uma coisa que realmente não dá pra mudar e todo mundo vai ver que você é incapaz de se enquadrar. E se enquadra, é infeliz por demais. Aí você se sente impotente e pensa: só nascendo de novo.
Acho que já superei esses sentimentos.
Viver é bom nas curvas da estrada.
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Por um conceito de Justiça
No começo do meu curso estava preocupado em saber o que era a justiça - é reciprocidade, é vingança, é consertar o desequilíbrio? Hoje em dia isso não me questiona mais. Não quero buscar o conteúdo de justiça num conceito superior, mas apenas penso que minha vontade é ver o que esse discurso propõe.
Penso, também, que não quero universalizar meu conceito de justiça. Explico-me: A garotinha do vídeo morreu e os familiares clamam por justiça; meu sentimento é o mesmo, o Raul Alexandre tem de ser punido. Mas vem aquela ética cristã e me diz "não, ele não merece isso". E depois eu posso falar "é, não é meu familiar, eu posso falar isso". Mas aí eu caio na brutalidade e minha mitologia intelectuóide de que não posso misturar emoção com razão se esvai.
Só que eu sinto que, mesmo o cara sendo punido no tribunal ou lixado na rua, a justiça vai deixar o vazio que a filha morta morreu.
domingo, 14 de setembro de 2008
Juricidade
Reflexões depois de um semestre de monitoria: Lyra Filho e Kelsen.
Um não kelseniano:A lei como fundamento do Direito sempre é uma forma mal vista. Pensar o direito como norma já é, mais uma vez, uma maneira de ampliar as compreensões sobre o Direito. A lei não é o texto legislativo nesse sentido, é qualquer regra de conduta. Mas uma leitura desses pensamentos podem mobilizar o direito para a compreensão de que a norma estatal é a única forma de produção jurídica.
Enganado é quem pensa assim. Se pensarmos o direito como um fenômeno universal, possível de se encontrar em qualquer estrutura, então o mundo jurídico não pode se restringir ao Estado. As tribos, as sociedades ditas tradicionais, são ou não são regidas por normas de conduta? Num pensamento em que se há livre-arbítrio, na qual as pessoas não cumprem todas as normas da sua sociedade (os tabus são feitos para serem rompidos de vez em quando), então há direito no mundo não-ocidental ou não estatal.
Um não Direito achado na rua:
Eu não consigo ver o Direito como fenômeno de liberdade e emancipação. Não acho que o Direito seja isso. Acho que direito pode também ser fenômeno de dominação. Mas, mesmo que não concorde com a dominação, ele não deixa de ser Direito.
Ciência sem ética não deve ser ciência, porém, é que essas concepções do Direito acabam por possibilitar qualquer coisa. Ou eles podem possibilitar nada. Pensar num conhecimento de ciência “pura” é melhor do que uma ciência ideologizada? Lyra diria que não, que é melhor pensar que o Direito só pode ser uma coisa, ou seja, emancipação e libertação.
Por mais que eu discorde disso, parece-me que unir os tipos ideais de ciência e política decorre numa prática social mais adequada. Para isso, Kelsen (não) deve ser lido através das lentes de um político. Talvez as teorias propostas de produzir um Direito democrático e procedimental seja importante.
O Direito deve ser valorizado.
Até então, tudo bem; juricidade tendente a moralidade faz bem. Mas dizer que a lei é produto de dominação, creio eu, é algo bem idiota. Eu penso no paralelo dos movimentos operários do século XIX: Existia dominação dos industriais sobre eles. O que fazer? Destruir as máquinas. É necessário destruir as leis?
Aí o direito achado na rua se torna um idiota.
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Meus problemas psicológicos
Tenho lido Freud por tabela. A problemática é apresentada nas discussões sobre cultura, que influencia nas clivagens da estrutura social. Os zulus e os europeus da África do Sul são distintos, mas ao mesmo tempo cooperativos. Os europeus compram o boi dos zulus, enquanto estes vendem. As interpretações são diversas; o europeu pensa "eu faço eles terem inserção no mundo, eles poderão pagar seus tributos". O zulu, mesmo que venda voluntariamente seu boi, pensará: "eles querem que eu perca o gado [meu status]".
Eu tenho trazido Freud para meu indivíduo, num estica e puxa. Uma análise, que em princípio tem como unidade o self, é transformada em análise de culturas para depois refletir sobre mim. Qual evento pegar? Qualquer um, pois eu já tenho certa noção da minha situação na estrutura familiar (aliás, esta é ainda primordial na minha cabeça, mesmo que eu seja um ocidentalzinho periférico). Só que falar de coisas que me angustiam aqui é por demais exposição e eu tô tão magoado que auto-sociologia me faz mal pra caralho.
A Universitários Vão à Escola seria um belo evento. Aqui há uma confluência de discursos: "Alexandre, você tá se distanciando do seu curso, você não vai mudar o mundo". "Vocês querem que eu seja um trabalhador braçal, vocês vêem a UVE como uma porta pra um Alexandre submetido a uma vida modéstia". Mas eu não estou exterior a esses discursos e, por mais que eu ache que sou o coitadinho da história, eu não tenho forças para afirmar isso.
GLUCKMAN, Max. Uma análise social sobre a Zuzulândia Moderna. In: BIANCO-FELDMAN, BEla. Antropologia das sociedades modernas.
PS: Não vou chorar com dor de cabeça. Isso me faz mal.
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Um garoto marlboro!
Um primeiro aspecto se faz pela preocupação dos órgãos legislativos em não serem distantes do pensamento social, do "povo". Há sempre uma preocupação por parte do personagem do Senador em se expor para garantir não apenas a positivação de uma norma anti-tabagista, mas que a eficácia desta norma se faça e que ela seja aceita como válida. O processo legislativo oficial estatal não é capaz de se efetivar simplesmente em contextos interiores ao poder legislativo.
Outro aspecto é que, para a formalização dessas normas jurídicas, necessita-se de uma adesão das expectativas da sociedade. Criar um comando "um maço de cigarros deve ter o nome 'veneno' em seu rótulo" não fará sentido enquanto não se entender quais os bens que a nova norma pretende defender. Assim é preciso dialogar com a sociedade e demonstrar, através de argumentações, que a norma beneficiará.
A argumentação, aliás, é posto como principal forma de construir as ideologias do povo. A persuasão habilita a discussão sobre se uma norma jurídica deve ou não ser válida, a ponto de pôr em questionamento em pensamentos consolidados, em relações de causalidade “cigarro realmente mata?” e até mesmo o que seja liberdade.
Pelo lobista pró-tabagismo ter uma habilidade em articular idéias que mostram que a validação de determinada norma pode ir contra outros princípios ideológicos da sociedade americana, como “liberdade de consumo” ou “individualismo” (self), o conceito de verdade fica duvidoso. Podem ser argumentos falaciosos ou não, mas acaba por desestruturar a idéia de que a norma trará todos os benefícios possíveis. Por fim, a discussão sobre princípios éticos se faz importante. Uma possível imagem que se tem da personagem do lobista é de que “ele é um imoral”, pois age contrário ao que é correto, porém não o vejo dessa maneira; acho que ele realmente acredita que a abertura de discussão é um meio de construir éticas adequadas.
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Gumsa/Gumlao
Eu estive refletindo um pouco com a minha leitura (sacana) de Edward Leach sobre as nossas relações identitárias. Será que somos detentores de uma cultura em si ou podemos ter mais de duas culturas? Eu sou uma cultura do pobre brasileiro, uma cultura do nordestino, uma cultura do imigrante? Não acho que seja a cultura o termo adequado, mas qual será?
Imagino que essa questão identitária está por demais atrelada às perspectivas que eu quero buscar em mim. Hoje eu sou um jovem brasiliense, mas, em aspectos de alteridade, consigo me identificar com a sociedade nordestina.
Não entendi ainda o que Leach quis defender. Talvez a análise dele estrutural indique que fazemos partes de várias estruturas. A análise é pelo indivíduo.
Minhas estruturas: Parentesco, educação, local de trabalho, amizade. Outra unidades de análise que eu não presto atenção: Consumidor?
Acho que sou capaz de falar de qualquer uma. Não preciso ir à alta birmânia para tal.
E será que eu quero subir de degrau nestas estruturas? Ser o irmão mais amado, o aluno mais aplicado, o estagiário mais bem dedicado, o amigo mais amado, o futuro namorado. Será que eu quero mais?
Leach faz algum sentido :D
LEACH, Edward. Sistemas políticos da Alta Birmânia.
PS.: Estudar matérias não jurídicas faz bem pra caralho
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
7 matérias, um exame de proficiência

Desisti de Grafittis e mal cheiro. Não fosse por você, eu não mudava essa cidade.
1. Estou num mundo muito teórico ou a experiência já perpassa por práticas experimentais? Estou fazendo Teoria Antropológica 2, matéria com uma professora nova do departamento. Voltei a antropologia para continuar um papo mais bonito, pois, afinal de contas, é o que eu tenho de melhor para dar de diferente. Sim, tenho de ser áltero, afinal, é o jurídico que me acompanha.
2. Legislação e Processo Político: As 3 aulas de Direito Constitucional 1 extendida por um semestre de curso, nas leituras mais factuais e menos normativas. Af, como o direito é alheio a realidade! Gostei de uma frase: "Kant é o mais próximo que o currículo de um curso de graduação em direito pode lhe oferecer. Portanto, não cáia na prática kantiana".
3. Contratos. A minha deficiência em teoria geral do direito privado, juntada a picaretagem recíproca, aliás, em obrigações. possibilidade de uma revisão sobre os negócios juridicos.
4. Crimes em espécie. Homicidas e nefelibatas em prática. Que bonitinho. Matéria que vai me dar muito trabalho, pois, afinal de contas, terei de engolir o manual de direito penal :D Aí como é bom ter tirado MS em penal!
5. Administrativo. A beleza da prática executiva do país. Moralidade e legalidade, espaço do direito em que mais posso estabilizar essas mazelas de colarinho branco. Agora penso que a gente tem mais nojo do mundo público, só que a distinção acaba relegando que o privado é o que modifica o público e diz que eh nele que a coisa tá suja. Tenho de repensar a dicotomia, que ainda não é ultrapassada.
6. Processo Civil. Sebojento será o procurador da república. Eu odeio processo, espero gostar do que eu vou ter contato neste semestre. Espero só ter esta matéria uam vez.
7. Direitos Humanos. Um bafo de inspiração. Bourdieu e poder simbólico. Existe agressão moral sem violência? Espero que seja divertido :D
8. Uma avaliação; será que eu darei conta??
A Manuelle, comentadora do meu blog :)
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Bergman e o jogo de xadrez
Um filme de cores vermelhas e fortes, mas que é tão unissono que eu esperei que ele viesse a melhorar. A claustrofobia, no entanto, só acaba no final, quando as três irmãs, em um delírio da Liv Ullmann, andam pelos jardins da casa e a empregada está atrás delas.
Hoje eu assisti “O Sétimo Selo”, outro filme do diretor sueco. A história de um cavaleiro da era medieval, que chega 10 anos depois, após participar de uma cruzada, numa Suécia combalida pela peste negra. E a morte tá ali, pertinho dele, chamando para jogar xadrez, mesmo que isso não seja a vontade dela.
Bergman se mostrou, para mim, um pós-moderno com este filme. Gritos e sussurros é apenas mais um drama (não banal) de conciliações fraternais, de fé, do sobrenatural. Mas o Sétimo Selo é a angústia de ver que a experiência (a vinda de uma cruzada) lhe despe as crenças. E chega a morte para acabar com seu vazio, pois você age para nada. O Deus que ele lutou na guerra destrói sua vida através da peste e também é o mesmo que lhe põe a destruir vidas alheias. A garotinha que fala o que não pensa que está sendo acusada de ser a causa da peste. Os circenses são felizes, porque conseguem ver a virgem Maria com o menino Jesus.
Achei belíssimo tal filme em preto e branco.