segunda-feira, 21 de julho de 2008

Bergman e o jogo de xadrez

Ingmar Bergman morreu. Quando ele era vivo, eu só assisti a um filme dele chamado Gritos e Sussurros, que é bastante indigesto. A história de 3 irmãs que se odeiam, que são “fura olho” uma da outra e estão a espera da morte de uma delas. A empregada, que reza a Deus para que cuide bem da filha dela que morreu.
Um filme de cores vermelhas e fortes, mas que é tão unissono que eu esperei que ele viesse a melhorar. A claustrofobia, no entanto, só acaba no final, quando as três irmãs, em um delírio da Liv Ullmann, andam pelos jardins da casa e a empregada está atrás delas.
Hoje eu assisti “O Sétimo Selo”, outro filme do diretor sueco. A história de um cavaleiro da era medieval, que chega 10 anos depois, após participar de uma cruzada, numa Suécia combalida pela peste negra. E a morte tá ali, pertinho dele, chamando para jogar xadrez, mesmo que isso não seja a vontade dela.
Bergman se mostrou, para mim, um pós-moderno com este filme. Gritos e sussurros é apenas mais um drama (não banal) de conciliações fraternais, de fé, do sobrenatural. Mas o Sétimo Selo é a angústia de ver que a experiência (a vinda de uma cruzada) lhe despe as crenças. E chega a morte para acabar com seu vazio, pois você age para nada. O Deus que ele lutou na guerra destrói sua vida através da peste e também é o mesmo que lhe põe a destruir vidas alheias. A garotinha que fala o que não pensa que está sendo acusada de ser a causa da peste. Os circenses são felizes, porque conseguem ver a virgem Maria com o menino Jesus.
Achei belíssimo tal filme em preto e branco.